quarta-feira, 12 de dezembro de 2012





Carlos A. Baccelli
18 – Perecíveis são os corpos, esses templos do espírito – eterna,
indestrutível, infinita é a alma que neles habita. Por isto, ó Arjuna, luta!
19 – Quem pensa que é a alma, o Eu, que mata, ou o Eu que morre,
não conhece a Verdade. O Eu não pode matar nem morrer.

(De “Bhagavad Gita”)
Se, em Espiritismo, há uma “revelação da Revelação”, esta, sem dúvida, é a Obra Mediúnica de Chico Xavier, o legítimo continuador de Allan Kardec!
Nos mais de 400 livros de sua lavra, o Pentateuco se desdobra e se complementa em seu tríplice aspecto: científico, filosófico e religioso. Notadamente com Emmanuel e André Luiz, a Doutrina alarga os seus horizontes e o Mundo Espiritual mais se aproxima da Terra.
Depois da Codificação, a Obra Mediúnica de Chico Xavier é o maior fenômeno doutrinário de todos os tempos. André Luiz, por sua vez igualmente medianeiro de uma plêiade de Espíritos Superiores, que lhe supervisiona o trabalho, em nome do Cristo, suspende o espesso véu que encobre os mistérios da morte e nos deixa entrever as realidades da Vida Imperecível! “Nosso Lar”, que se transforma em “best-seller”, abre caminhos para mais 12 obras, que passam a constituir preciosa coleção – um acervo espiritual sem precedentes nas abordagens até hoje efetuadas sobre a Vida no Mundo Espiritual.
Por este motivo, temos defendido, à exaustão, o estudo das obras mediúnicas de André Luiz nas casas espíritas – nas reuniões públicas, junto aos seus freqüentadores regulares, para que os adeptos da Doutrina não permaneçam na superfície do conhecimento.
No livro “Os Mensageiros”, o 2º da série, psicografado em 1944, nos deparamos com preciosas revelações, que, infelizmente, ainda hoje permanecem inéditas para a maioria dos que dizem conhecer o Espiritismo a fundo. Na Doutrina há quase 40 anos, tendo naturalmente ouvido palestras de n oradores e compulsando centenas e centenas de jornais e revistas espíritas, nunca me deparei com uma única referência sobre o assunto central deste despretensioso artigo.
Trata-se do que André Luiz nos revela, no capítulo 20, intitulado “Defesas Contra o Mal”, do referido livro, para o qual, com certeza, você também que nos lê neste instante ainda não atinou.
Permita-me transcrever dele um pequeno trecho.

“- Mas... e as armas? – perguntei – acaso são utilizadas?
- Como não? – disse Alfredo, pressuroso – não temos balas de aço, mas temos projetis elétricos. Naturalmente, a ninguém atacaremos. Nossa tarefa é de socorro e não de extermínio.
- No entanto – aduzi, sob forte impressão -, qual o efeito desses projetis?
- Assustam terrivelmente – respondeu ele sorrindo – e, sobretudo, demonstram as possibilidades de uma defesa que ultrapassa a ofensiva.
- Mas apenas assustam? – tornei a interrogar.
Alfredo sorriu mais significativamente e acrescentou:
- Poderiam causar a impressão de morte.
- Que diz! – exclamei com insofreável espanto.
O Administrador meditou alguns instantes, e, ponderando, talvez a gravidade dos esclarecimentos, obtemperou:
- Meu amigo! meu amigo! se já não estamos na carne, busquemos desencarnar também os nossos pensamentos (grifamos). As criaturas que se agarram, aqui, às impressões físicas, estão sempre criando densidade para os seus veículos de manifestação, da mesma forma que os Espíritos dedicados à região superior estão sempre purificando e elevando esses mesmos veículos. Nossos projetis, portanto, expulsam os inimigos do bem através de vibrações do medo, mas poderiam causar a ilusão da morte (grifamos), atuando sobre o corpo denso dos nossos semelhantes menos adiantados no caminho da vida. A morte física, na Terra, não é igualmente pura impressão? Ninguém desaparece. O fenômeno é apenas de invisibilidade ou, por vezes, de ausência. Quanto à responsabilidade dos que matam, isto é outra coisa. E além desta observação, que é da alçada da Justiça Divina, temos a considerar, igualmente, que, nesta esfera, o corpo denso modificado pode ressurgir todos os dias, pela matéria mental destinada à produção dele, enquanto que, para obter o corpo físico, almas há que trabalham, por vezes, durante séculos...”

Temos aí excelente material de reflexão para muito tempo, não? Vejamos quanto as nossas concepções acerca do Mundo Espiritual necessitam se ampliar, a fim de que, na condição de espíritas, não permaneçamos sob o efeito secular de sugestões enraizadas na mente – sugestões que criaram uma cultura religiosa distorcida, contra a qual o Espiritismo vem lutando em nós mesmos!
Essa tendência ao comodismo é da criatura humana, dando origem à resistência, consciente ou inconsciente, com que nos opomos às novas informações.
Em muitos adeptos da Doutrina, “Nosso Lar”, por exemplo, é uma espécie de Céu, onde esperam desfrutar de uma vida sem tantas dificuldades e desafios. Ledo engano! A vida prossegue “ipsis litteris”, ou seja, sem qualquer modificação substancial, simplesmente pelo fato de termos desencarnado. Como nos diz o Dr. Inácio Ferreira, estar ou não encarnado, significa apenas e tão-somente um pouco mais ou um pouco menos de matéria!...
Convenhamos em que, à época da Codificação, os Espíritos disseram muito, mas não disseram tudo. Que isto, porém, não nos sirva de pretexto, a médiuns e espíritos, para avançarmos além do bom-senso. Que a Fé Raciocinada continue sendo o melhor aferidor de todas as revelações que nos chegam via mediunidade.
Por outro lado, não podemos negar, a priori, o que não conseguimos assimilar de imediato. A obra “Os Mensageiros” está conosco há 64 anos, ainda aos mais eruditos dentre nós causando certo impacto intelectual.
A maior necessidade do espírita, portanto, é a de estudar, para que, como nos disse Jesus, o conhecimento da Verdade, por fim, nos liberte!
O Espiritismo não pode continuar sendo a doutrina do “achismo”... O avanço científico contemporâneo está a nos exigir uma mentalidade um pouco mais aberta e receptiva.
Concluindo os nossos apontamentos, fico eu a imaginar quanto os espíritos nos poderiam ter dito a mais, através de Chico Xavier – a mais fiel e versátil antena mediúnica da história da Humanidade -, tendo, no entanto, silenciado, justamente porque não encontraram a terra mais bem preparada para a semeadura...
Sem, portanto, menosprezar o esforço mediúnico de tantos outros seareiros, nos lancemos ao estudo sistemático da Obra Mediúnica de Chico Xavier, que emerge da Codificação com a mesma naturalidade com que o Espiritismo desponta das páginas do Evangelho do Cristo.
Artigo extraído do "JORNAL DA MEDIUNIDADE" - Uberaba (MG)

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