quarta-feira, 12 de dezembro de 2012





Carlos A. Baccelli
18 – Perecíveis são os corpos, esses templos do espírito – eterna,
indestrutível, infinita é a alma que neles habita. Por isto, ó Arjuna, luta!
19 – Quem pensa que é a alma, o Eu, que mata, ou o Eu que morre,
não conhece a Verdade. O Eu não pode matar nem morrer.

(De “Bhagavad Gita”)
Se, em Espiritismo, há uma “revelação da Revelação”, esta, sem dúvida, é a Obra Mediúnica de Chico Xavier, o legítimo continuador de Allan Kardec!
Nos mais de 400 livros de sua lavra, o Pentateuco se desdobra e se complementa em seu tríplice aspecto: científico, filosófico e religioso. Notadamente com Emmanuel e André Luiz, a Doutrina alarga os seus horizontes e o Mundo Espiritual mais se aproxima da Terra.
Depois da Codificação, a Obra Mediúnica de Chico Xavier é o maior fenômeno doutrinário de todos os tempos. André Luiz, por sua vez igualmente medianeiro de uma plêiade de Espíritos Superiores, que lhe supervisiona o trabalho, em nome do Cristo, suspende o espesso véu que encobre os mistérios da morte e nos deixa entrever as realidades da Vida Imperecível! “Nosso Lar”, que se transforma em “best-seller”, abre caminhos para mais 12 obras, que passam a constituir preciosa coleção – um acervo espiritual sem precedentes nas abordagens até hoje efetuadas sobre a Vida no Mundo Espiritual.
Por este motivo, temos defendido, à exaustão, o estudo das obras mediúnicas de André Luiz nas casas espíritas – nas reuniões públicas, junto aos seus freqüentadores regulares, para que os adeptos da Doutrina não permaneçam na superfície do conhecimento.
No livro “Os Mensageiros”, o 2º da série, psicografado em 1944, nos deparamos com preciosas revelações, que, infelizmente, ainda hoje permanecem inéditas para a maioria dos que dizem conhecer o Espiritismo a fundo. Na Doutrina há quase 40 anos, tendo naturalmente ouvido palestras de n oradores e compulsando centenas e centenas de jornais e revistas espíritas, nunca me deparei com uma única referência sobre o assunto central deste despretensioso artigo.
Trata-se do que André Luiz nos revela, no capítulo 20, intitulado “Defesas Contra o Mal”, do referido livro, para o qual, com certeza, você também que nos lê neste instante ainda não atinou.
Permita-me transcrever dele um pequeno trecho.

“- Mas... e as armas? – perguntei – acaso são utilizadas?
- Como não? – disse Alfredo, pressuroso – não temos balas de aço, mas temos projetis elétricos. Naturalmente, a ninguém atacaremos. Nossa tarefa é de socorro e não de extermínio.
- No entanto – aduzi, sob forte impressão -, qual o efeito desses projetis?
- Assustam terrivelmente – respondeu ele sorrindo – e, sobretudo, demonstram as possibilidades de uma defesa que ultrapassa a ofensiva.
- Mas apenas assustam? – tornei a interrogar.
Alfredo sorriu mais significativamente e acrescentou:
- Poderiam causar a impressão de morte.
- Que diz! – exclamei com insofreável espanto.
O Administrador meditou alguns instantes, e, ponderando, talvez a gravidade dos esclarecimentos, obtemperou:
- Meu amigo! meu amigo! se já não estamos na carne, busquemos desencarnar também os nossos pensamentos (grifamos). As criaturas que se agarram, aqui, às impressões físicas, estão sempre criando densidade para os seus veículos de manifestação, da mesma forma que os Espíritos dedicados à região superior estão sempre purificando e elevando esses mesmos veículos. Nossos projetis, portanto, expulsam os inimigos do bem através de vibrações do medo, mas poderiam causar a ilusão da morte (grifamos), atuando sobre o corpo denso dos nossos semelhantes menos adiantados no caminho da vida. A morte física, na Terra, não é igualmente pura impressão? Ninguém desaparece. O fenômeno é apenas de invisibilidade ou, por vezes, de ausência. Quanto à responsabilidade dos que matam, isto é outra coisa. E além desta observação, que é da alçada da Justiça Divina, temos a considerar, igualmente, que, nesta esfera, o corpo denso modificado pode ressurgir todos os dias, pela matéria mental destinada à produção dele, enquanto que, para obter o corpo físico, almas há que trabalham, por vezes, durante séculos...”

Temos aí excelente material de reflexão para muito tempo, não? Vejamos quanto as nossas concepções acerca do Mundo Espiritual necessitam se ampliar, a fim de que, na condição de espíritas, não permaneçamos sob o efeito secular de sugestões enraizadas na mente – sugestões que criaram uma cultura religiosa distorcida, contra a qual o Espiritismo vem lutando em nós mesmos!
Essa tendência ao comodismo é da criatura humana, dando origem à resistência, consciente ou inconsciente, com que nos opomos às novas informações.
Em muitos adeptos da Doutrina, “Nosso Lar”, por exemplo, é uma espécie de Céu, onde esperam desfrutar de uma vida sem tantas dificuldades e desafios. Ledo engano! A vida prossegue “ipsis litteris”, ou seja, sem qualquer modificação substancial, simplesmente pelo fato de termos desencarnado. Como nos diz o Dr. Inácio Ferreira, estar ou não encarnado, significa apenas e tão-somente um pouco mais ou um pouco menos de matéria!...
Convenhamos em que, à época da Codificação, os Espíritos disseram muito, mas não disseram tudo. Que isto, porém, não nos sirva de pretexto, a médiuns e espíritos, para avançarmos além do bom-senso. Que a Fé Raciocinada continue sendo o melhor aferidor de todas as revelações que nos chegam via mediunidade.
Por outro lado, não podemos negar, a priori, o que não conseguimos assimilar de imediato. A obra “Os Mensageiros” está conosco há 64 anos, ainda aos mais eruditos dentre nós causando certo impacto intelectual.
A maior necessidade do espírita, portanto, é a de estudar, para que, como nos disse Jesus, o conhecimento da Verdade, por fim, nos liberte!
O Espiritismo não pode continuar sendo a doutrina do “achismo”... O avanço científico contemporâneo está a nos exigir uma mentalidade um pouco mais aberta e receptiva.
Concluindo os nossos apontamentos, fico eu a imaginar quanto os espíritos nos poderiam ter dito a mais, através de Chico Xavier – a mais fiel e versátil antena mediúnica da história da Humanidade -, tendo, no entanto, silenciado, justamente porque não encontraram a terra mais bem preparada para a semeadura...
Sem, portanto, menosprezar o esforço mediúnico de tantos outros seareiros, nos lancemos ao estudo sistemático da Obra Mediúnica de Chico Xavier, que emerge da Codificação com a mesma naturalidade com que o Espiritismo desponta das páginas do Evangelho do Cristo.
Artigo extraído do "JORNAL DA MEDIUNIDADE" - Uberaba (MG)

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

OS MEDOS QUE DESAFIAM NOSSAS CONTRADIÇÕES.

"Os medos me encaminham, mas não quero permitir que prevaleçam. O medo que tenho de ser só não pode me amordaçar, a ponto de me gerar em contante construção de estados de solidão". (Fábio de Melo)
A solidão que sentimos, muitas vezes, é apenas uma parte da verdade que somos, pois somos muito mais do que sabemos a nosso próprio respeito.
Há em nós um doloroso mistério a ser decifrado, e isto começa a acontecer quando encontramos pessoas que sabem refletir nelas mesmas, a partir do próprio mistério que também são, os nossos silenciosos apelos.
Só as ausências que são sentidas em profundidade, que ferem os tecidos sutis dos sentimentos, é que podem provocar em nós uma busca constante.Elas se apresentam como pontiagudas setas que, ao ferirem novamente o que já foi ferido, apontam para novas possibilidades de deslocamentos em direção ao desconhecido que tanto tememos. E todos nós, de uma forma ou de outra, carregamos nossa própria ausência, a falta de um complemento básico que exige ser conquistado mas que não se situa fora de nós, mas sim dentro das próprias entranhas da alma.
Por isso, evitemos palavras prontas que tem o intuito de anestesiar, simplesmente os medos que nos encaminham de forma corajosa. Recusemos, apenas, os medos que podem nos amordaçar e que, se prevalecerem, geram o abandono de novas perspectivas, induzem à solidão sistemática, impondo o silêncio sobre nossas palavras de esperança.
Devemos saber esperar, pois as esperanças que nutrimos nos socorrem dos vazios medos que sentimos preenchendo-os com novos estados de ser e existir. Sem este tipo de esperança, toda a solidão cava abismos mais profundos em nossa alma.
A vida pode ser reinventada a partir da precariedade que reconhecemos em nós. Nossas fragilidades podem se transformar em vigorosos apelos para a auto-superação se soubermos como administrar os medos permitindo que eles nos encaminhem sem que, entretanto, prevaleçam impondo-nos severos limites.
Devemos aceitar os medos que desafiam nossas contradições e recusarmos aqueles que visam preservá-las. Assim sendo, toda solidão pode ser revestida de significado onde no vazio que experimentamos irão vigorar poderosas forças que nos conduzirão para muito além dos estreitos e confortáveis espaços onde a desistência faz morada certa.
Ser humano é ser assim: ser capaz de vermos a finitude que nos habita ao mesmo tempo em que percebemos os poderes que nos constituem. Nossa grandeza ou nossa decadência, todavia, estará inevitavelmente ligada à qual das condições nos fixarmos mais.

Tarcísio Alcântara
17/11/2012

Aquilo que nos torna mais Humanos

"  Tristes ainda seremos por muito tempo, embora de uma nobre tristeza, nós, os que o sol e a lua todos os dias encontram no espelho do silêncio refletidos, neste longo exercício da Alma".
(Cecília Meireles)
Bem-aventurada é a tristeza que favorece a moldura de um outro estilo de vida, onde o novo nasce justamente da precariedade, do estar perplexo diante de questões insolúveis.
Bem-aventurada é a tristeza que se transforma num sorriso de justa aceitação quando percebemos que não há mais o que fazer, o que questionar diante daquilo que não podemos por enquanto compreender adequadamente.
Bem-aventurada é a tristeza que nos assegura uma solidão bem vivida, feita de espaços vazios que vão sendo preenchidos à medida que arrancamos de solos ressequidos, respostas que as duras pedras do caminho nos fornecem quando as deslocamos de seu lugar comum.
"Ainda que falemos a linguagem dos Anjos", se não conhecemos a tristeza em seus fundamentos mais profundos e sagrados, nossa fé somente brilhará em dias por demais claros. Nas sombras noturnas nos perderemos pois somente a nobre tristeza pode nos revelar o que se oculta no silêncio da noite. Sem ela não conheceremos os abismos da vida e as duras opções que temos de tomar diante de certas experiências.
A tristeza, quando nobre, moldura nosso rosto com um suave e firme questionamento. Permite que perguntemos aos espinhos que nos ferem que direção deveremos tomar perante as limitações com que nos deparamos. Ela difere da tristeza mórbida que desenha na face somente sulcos profundos de amargura e desespero.
Bem-aventurada é a tristeza nobre que nos torna mais humanos, que nos despoja do supérfluo, que nos rouba as alegrias anestesiantes e que nos permite ver a dor do mundo lá fora. sem ela, é provável que nos fixemos por um tempo demasiado longo em locais que exigem rápida passagem.
Bem-aventurada é a nobre tristeza que nos obriga a caminhar retirando do barro da estrada a matéria prima que irá confeccionar novos estados emocionaiscom ela é possível sorrir na dor. Cantar quando muitos se calam. Bendizer quando outros maldizem. Esperar quando tantos desistem.
somente uma tristeza bem vivida é capaz de estruturar uma alegria impertubável, ainda que efêmera, pois precisamos experimentar diferentes estados emocionais conforme as exigências educativas que enfrentamos na vida.
Que tristeza nobre, portanto, tenha o seu justo espaço em nossa vida e que se faça presente até o momento em que as respostas que não respondem cedam lugar às perguntas que contém significados, "neste longo exercício de alma".

                                 Tarcisio Alcântara
                                    10/05/2012

sábado, 15 de setembro de 2012

Cura Espiritual

Conheça a história de pessoas que acreditam na energia espiritual

Casos que a medicina ainda não tem como explicar. Quatro histórias de cura com o mesmo remédio: os passes de dona Isabel.


De repente, uma doença sem cura e a vida por um fio. "O médico falou pra gente ‘não dou 2 meses pra ele’", disse a filha de Zé Carlos.
"As dores são fortes mesmo. E a gente precisa ter um equilíbrio muito grande pra poder suportar tudo isso", afirmou Zé Carlos.
De uma hora pra outra, um diagnóstico que ninguém merece.
"Ele chegou carregado, com o lado direito todo sem movimento, sem enxergar, com a boca torta”, lembrou a mulher de Yano.
Como aguentar uma lesão grave no menisco sem cirurgia?
"Não sinto absolutamente nada. Nada”, revelou Alessandro.
veja o programa Globo Reporter completo clicando aqui: http://glo.bo/QMTFna





quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Filme: E a Vida Continua . . . . . .


E a vida continua.......

Em Setembro, deverá estrear nos cinemas brasileiros, o filme “E a Vida Continua”. O Filme, que tem como um de seus diretores o cineasta Oceano Vieira de Melo, é baseada no livro homônimo, ditado pelo Espírito André Luiz e psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.








E a vida continua...

Filme adaptado do livro “E A VIDA CONTINUA”,
de André Luiz, psicografado por Chico Xavier.

Direção e Roteiro: Paulo Figueiredo
Produção:  Versátil Digital Filmes e VerOuvir Produções
Produtores: Oceano Vieira de Melo, Sonia Marsaiolli de Melo
e Paulo Figueiredo
Produtores Associados: FEB / VerOuvir / Versátil Digital Filmes
Distribuição Paris Filmes

Coordenação de Produção: Ricardo Parah
Gerência de Produção: Giselle Figueiredo
Produção de Elenco:Rosana Penna
Direção de Arte/Figurino: Liana Obata
Direção de fotografia: Tony Ciambra
Câmera:  Bruno Martins e Edson Audi
Som direto:  Gustavo Goulart e Geraldo Ribeiro

Sinopse:

A transposição deste romance para a tela põe em destaque o que a obra original tem de mais expressivo em seu conteúdo. Converte a essência de cada trecho literário em cenas vivas, instigantes, de interesse humano inquestionável.
Levado por uma dessas tantas "coincidências" da vida, um homem de cinqüenta anos conhece, em circunstâncias dramáticas, uma jovem de vinte e cinco. Fugitivo de si mesmo, sobrevivente de uma tragédia pessoal que o tempo ensinou a esconder num bem-humorado sorriso, no mesmo instante se encanta por essa moça, que além da frustrada paixão pelo marido infiel nenhuma razão mais possui para  continuar vivendo.

Como náufragos à deriva, Ernesto e Evelina juntam forças e esperanças. Mas não só amores e desamores passados os tornam semelhantes. A questão da saúde comprometida pela mesma enfermidade grave, outra "coincidência", lança expectativas sombrias no futuro dos dois. Como investir numa tão promissora amizade que pode acabar sem glória e sem despedida no centro cirúrgico de um hospital? Instala-se a dúvida. E nos poucos dias que os separam de seus destinos curiosamente parecidos, o homem e a mulher que o "acaso" trouxe para um encontro preparam suas almas apostando na Vida mas com um olho na Morte.

No último minuto de proximidade na estância de repouso preparatório para as cirurgias, dizer o quê? Adeus? Até breve?

Na falta de resposta o silêncio foi melhor. Um sorriso e uma mão acenando disseram mais.

Como no Teatro, fechava-se a cortina ao final do Primeiro Ato. O Segundo seria num outro palco, numa nova dimensão, para uma outra platéia. Entenderiam os protagonistas, agora, que a Vida é uma peça de muitos Atos, porém sem fim.

E a Vida Continua...
Filme adaptado do livro “E A VIDA CONTINUA”,
de André Luiz, psicografado por Chico Xavier.

Atores principais do filme

AMANDA ACOSTA - Evelina Serpa
LUIZ BACCELLI - Ernesto Fantini
LIMA DUARTE - Instrutor Ribas
ANA ROSA – Lucinda
LUIZ CARLOS DE MORAES - Instrutor Cláudio
RUI REZENDE – Desidério dos Santos
LUIZ CARLOS FELIX – Caio Serpa
ANA LÚCIA TORRE - Brígida
CLAUDIA MELLO – Alzira
ARLETE MONTENEGRO - Sra. Tamburini
ROSANA PENNA – Elisa
RONALDO OLIVA -  Túlio Mancini
SAMANTHA CARACANTE – Vera Celina
CESAR PEZZUOLLI – Amâncio
CARLA FIORONI – Enfermeira Isa
PERSONAGENS DO UMBRAL - Guilherme Santana, Lucienne Cunha, Marco Antonelli e Débora Muniz, mais um grande elenco.






Site oficial:http://www.eavidacontinuaofilme.com.br/


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segunda-feira, 2 de julho de 2012

MARCOS FROTA VIVERÁ O MÉDIUM JOÃO DE DEUS NO CINEMA

MARCOS FROTA VIVERÁ O MÉDIUM JOÃO DE DEUS NO CINEMA


O ator Marcos Frota está se preparando para o que considera "o papel de sua vida": interpretar o médium João de Deus nos cinemas, em um filme dirigido por Candé Salles, da produtora Consp...iração Filmes (mesma produtora de "2 Filhos de Francisco").

“Nos conhecemos há 20 anos. Estive recentemente no aniversário de 70 anos dele e, para minha surpresa, ele me escolheu diante de todos os amigos para interpretá-lo no cinema. Não foi uma escalação de elenco, foi um chamado mesmo. Eu o respeito muito e estou muito honrado” - Marcos Frota
Eu o respeito muito e estou muito honrado”, diz o ator sobre o médium que é famoso entre políticos e celebridades e constantemente recebe estrangeiros em busca da cura de doenças — em março João foi entrevistado em Goiás por Oprah Winfrey para seu programa TV. “Ele é um brasileiro com B maiúsculo”, afirma Frota.



A notícia é da Revista Época.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Amor, perdão, cura e autocura

Amor, perdão, cura e autocura


Entrevista com Dr. Andrei Moreira    
Fonte: Nosso Jornal – Folha Comunitária de Abaeté, 02/12/10
Dr. Andrei, o que é a saúde, a doença, cura e a autocura na abordagem médico-espírita?

A saúde é entendida como o reflexo do equilíbrio do ser em relação às leis divinas. Na visão espírita, o homem é um ser imortal, alguém que preexiste à vida física, que sobrevive ao fenômeno biológico da morte e, ao longo do processo evolutivo, através da reencarnação, vai crescendo, desenvolvendo-se em direção a Deus. A saúde do corpo físico é um reflexo do nível de equilíbrio desse espírito no processo evolutivo perante o amor, o belo e o bem. Já a doença é uma sinalização interior de reequilíbrio, convidando o ser a reconectar-se com o amor e com a fonte. É uma mensagem gerada no mais profundo da realidade espiritual do ser e que se reflete no corpo físico como um convite à reconexão com o amor, ao desenvolvimento do autoamor e do amor ao próximo. Nessa visão, a saúde e o adoecimento são construções do próprio homem e ninguém é vítima de nada, senão de si mesmo, das suas próprias decisões, das suas próprias escolhas, daquilo que decide e determina em sua vida. Portanto, toda cura é também um fenômeno de autocura, porque, para que ela se instale em definitivo, é necessário que haja não simplesmente um alívio dos sintomas e uma resolução do processo biológico no corpo físico, mas também uma reformulação moral do pensamento, do sentimento e da ação, fazendo com que o ser esteja transformado em profundidade, em consonância com a lei divina, ou seja, mais em sintonia com a lei do amor.

O amor é, então, o caminho para a cura?

O amor é o grande medicamento, é a grande finalidade da existência. Na verdade, nós caminhamos em direção a Deus como o “filho pródigo” da parábola de Jesus, reconectando nossa relação com o Pai e retornando para a casa de Deus, que, na verdade, é dentro do nosso próprio coração, onde Deus está. Pouco a pouco, vamos fazendo isso, descobrindo as nossas virtudes, a grandeza íntima que há dentro de nós, tudo aquilo que Deus nos deu como possibilidade evolutiva e que pode nos realizar plenamente. Nesse contexto, o amor representa um movimento medicamentoso por excelência, enquanto movimento de respeito, de consideração, de valorização, de inclusão, de consideração. Ele nos trata as doenças da alma, que são orgulho, egoísmo, vaidade, prepotência, arrogância, e nos coloca em sintonia com a fonte, que é Deus, nos auxiliando a reconectar-nos com o Pai. Desenvolver o amor é o caminho mais rápido, fácil e eficaz para a cura da alma e do corpo.

Nos seminários, você apresentou também o perdão como o caminho para a saúde integral. Fale um pouquinho sobre isso.

Sim, o perdão é condição essencial para a saúde. Sem o perdão, não há paz interior, não há saúde nem física, nem emocional. Shakespeare dizia que não perdoar ou guardar mágoa é como beber veneno, desejando que o outro morra. O veneno age naquele que o guarda, que o cultiva dentro de si. E a mágoa atua dentro de nós na semelhança de uma planta que, uma vez guardada, cultivada, vai crescendo, criando raízes, dá flores, frutos e multiplica-se. E nós acabamos enredados em uma série de dores emocionais, sem que nem saibamos, às vezes, onde tudo começou. Tudo porque vamos guardando as coisas dentro de nós, sem trabalhar, sem dialogar, sem metabolizar emocionalmente aquilo que estamos sentindo, vivenciando. Quando vemos, a situação está numa questão muito profunda e muito grave.

Para que tenhamos paz, é necessário que abracemos o perdão como um projeto. O perdão é uma decisão pela paz, que se traduz em atitudes pelo estabelecimento dessa paz, no entendimento das questões emocionais, das nossas características pessoais, das circunstâncias que envolvem o ato agressor e da responsabilidade e co-responsabilidade nossa no processo. Ele se traduz como um processo, porque não se dá da noite para o dia. Ele se constrói ao longo do tempo e através de atitudes sucessivas de busca dessa metabolização emocional que, muitas vezes, precisa de um acompanhamento terapêutico profissional, através de um psicólogo que faça essa abordagem íntima e ajude-nos a encontrar nossas respostas, sentidos e significados mais profundos.

O perdão passa também pelo acolhimento e aceitação da nossa humanidade e da humanidade do outro, sobretudo, na superação dos traumas, porque só aceitando a condição fundamental do ser humano, de estar num processo contínuo de erro e acerto, é que a gente dá conta de conviver com os equívocos do outro que nos fere e até mesmo com os nossos mesmos. Naturalmente, nós só fazemos para o outro aquilo que fazemos para nós. Então, nós só conseguimos aceitar a humanidade do outro quando aceitamos a nossa própria humanidade, quando acolhemos em nós a nossa capacidade de errar e recomeçar, abraçando o auto-amor como uma proposta de vida. O autoamor é filho da humildade, uma das representações magníficas da amorosidade divina, aquela decisão interna de nos acolher, de nos tratar com ternura, compaixão e com a benevolência que nós necessitamos, embora com a firmeza necessária para domar as nossas paixões e renovarmo-nos de nossos defeitos que julguemos necessários. Então, o perdão é uma atitude de conquista desse estado de paz interior, através do entendimento das circunstâncias que nos envolvem e da decisão pelo amor.

Em Abaeté, é muito grande o número de pessoas viciadas em anti-depressivos, ansiolíticos, bebidas e drogas pesadas, como o crack. O que você poderia falar para essas pessoas?

Toda dependência é uma busca de aplacar o vazio interior através de coisas externas. Mas esse vazio interior, que nós todos temos, só é aplacado pela presença do autoamor. O vazio é um vazio do amor, mas esse amor que nos falta não é o amor que vem do outro, é o amor que vem de dentro, é o amor que a gente pode se dar. Então, para o tratamento e a profilaxia de qualquer processo de dependência, é importante ensinar as pessoas a se valorizarem, se respeitarem, se gostarem. A estabelecerem relações familiares honestas em que as pessoas dialoguem, conversem, estejam atentas umas às outras e partilhem suas emoções, mostrando-se, não de forma idealizada, mas de forma honesta, real, ensinando cada um a ver, em todos nós, luz e sombra, beleza e feúra, coisas positivas e negativas. Nós precisamos aprender a acolher esses dois lados, aprendendo a transformar aquilo que não amamos em nós e a valorizar e desenvolver aquilo que há de bom, de positivo.

A depressão passa pela não aceitação da vida. Há uma mensagem subliminar no depressivo que é: “como não tenho a vida que desejo, não aceito a vida que tenho”. Há também uma mensagem da arrogância, da prepotência de acreditar que, ferindo a si mesmo, fere a própria sociedade, fere o mundo. Muitas vezes, por trás da depressão, há culpas e processos autopunitivos profundos, em virtude da ausência da humildade, em se permitir aceitar a vida como pode ser e de recomeçar quantas vezes forem necessárias para se alcançar a felicidade.

No tratamento da depressão, é importante abordar a questão do desenvolvimento da aceitação da vida, da submissão ativa a Deus. Isso significa “aceitar a vida tal como ela está, mas fazendo tudo para se buscar aquilo que se deseja”, sem abandonar o prazer de viver, sem entrar naquela tristeza patológica, aquela tristeza excessiva que se configura como estado depressivo.

Os antidepressivos são muito úteis quando bem indicados durante um certo período, mas não podem virar uma muleta, eles não são a pílula da felicidade, não podem ser a fonte que nos dão a realização íntima, que aplacam a nossa dor. Nós temos, hoje, na nossa sociedade, uma medicalização excessiva, um uso abusivo de medicamentos, porque não aprendemos a lidar com naturalidade com as nossas emoções. O medo, a tristeza, a raiva, a alegria são emoções básicas, e nós temos que aprender a lidar com elas. Quando não lidamos de forma natural é que elas adoecem, se transformando em mágoa, em pânico, em euforia ou em depressão.

Na nossa sociedade, observamos que há um excesso de medicalização das emoções naturais. Tão logo a pessoa fica triste, já entra com um antidepressivo, um ansiolítico para que ela evite lidar com sua ansiedade ou sua tristeza. Mas a ansiedade e a tristeza são situações naturais da vida, que até um determinado nível são muito positivas e que nos falam muito a respeito de nós mesmos. É importante que o autoconhecimento guie o processo, pra que entendamos o que está acontecendo na nossa alma e na nossa vida. Marta Medeiros fala, de uma forma muito bela, que a tristeza é o quartinho do fundo onde a gente analisa a nossa vida. E é isso que nós temos que aprender: a estudar nossas emoções, nossas características, para retirar delas ensinamentos preciosos a respeito de nós mesmos e do outro e, com isso, nos tornarmos pessoas melhores.

O suicídio pode ser visto como uma doença da alma?

O suicídio é um ato de desespero em que o sujeito tenta matar a dor que há nele e, muitas vezes, ele envolve a família e os outros numa situação de dor ainda maior do que aquela que era a dor original. Por isso, também é uma manifestação de egoísmo. Nós devemos evitar o suicídio em nossa sociedade, estabelecendo acolhimento à dor emocional das pessoas, através de serviços competentes em que as pessoas possam ser escutadas, ouvidas, acolhidas e onde possam ser bem orientadas através de um acompanhamento terapêutico com profissionais competentes, que possam nos ajudar a metabolizar as dores e as dificuldades que vivemos. Precisamos, sobretudo, de um ensino religioso e moral que nos dê base e subsídio para entender quem somos, o que viemos fazer e para onde vamos e uma base moral que nos forneça elementos de estímulo ao desenvolvimento das virtudes que são potências da alma e verdadeiros profiláticos contra o suicídio.

Na visão espírita, o suicídio é um ato muito infeliz, porque o indivíduo reconhece-se vivo do outro lado da vida, matando somente o corpo físico. E aquela dor original, além de não estar resolvida, está aumentada pela circunstância do ato agressor à própria vida. Esse é um direito que nenhum de nós tem. Somente a Deus compete dar e retirar a vida. Então, diante daquele que cometeu o suicídio, nós devemos agir com compaixão e misericórdia, enviando-lhe as nossas preces. As orações sinceras daqueles que amam ou mesmo daqueles que têm boa vontade e desejam auxiliar chegam até o coração daqueles que estão em sofrimento do outro lado da vida como verdadeiros bálsamos, alívios e medicamentos que amenizam seu sofrimento e os auxiliam a prosseguir. Como a vida é eterna, cada um terá a oportunidade de se renovar, de recomeçar, embora tendo que lidar com os resultados infelizes que, às vezes, são sofrimentos desnecessários desses atos de desespero.

Na edição de dezembro, o Nosso Jornal abordou um problema preocupante, que é o número crescente de acidentes de trânsito com vítimas fatais, muitas vezes em veículos dirigidos por menores. O que poderíamos dizer, sobretudo aos pais que têm dificuldade em impor limites, em dizer não, e acabam emprestando o carro ou presenteando o filho menor com motocicletas?

Isso não pode acontecer de forma alguma. Os pais não podem abrir mão do seu direito e da sua responsabilidade como educadores. Nossa sociedade exige que, para uma pessoa dirigir, ela esteja habilitada, e isso somente após a maioridade. Os pais têm que aprender a respeitar isso. Se não respeitam essa condição fundamental básica, assumem as consequências pelos erros daqueles que lhes são responsabilidade direta. Nós sabemos que, hoje, é muito difícil para as famílias aprender a colocar limites, porque vivemos processos educacionais que dão muita liberalidade aos jovens, sem o processo educacional que os ensine a usar a liberdade com responsabilidade. Então, os pais, enquanto educadores morais, não podem abrir mão desse papel. Devem ser aqueles que utilizam de vários instrumentos, procuram ajuda profissional se necessário, mas de forma alguma abrem mão do seu papel, desistindo dos adolescentes a eles vinculados. Precisam ser, sim, aqueles que buscam todos os recursos e meios para fornecer ao indivíduo o elemento educacional, que vem, sobretudo, pelo exemplo, porque os adolescentes aprendem muito mais vendo o que os pais fazem, do que escutando o que os pais dizem. O exemplo da família é extremamente importante no processo educacional, e a sociedade deve ter leis e cumprimentos das leis, deve estabelecer processos educativos para menores que sejam pegos sem habilitação, assim como para aqueles que sejam pegos alcoolizados, dirigindo, colocando em risco a sua vida e a vida de outros. E os pais devem agir com responsabilidade também, estabelecendo processos internos na dinâmica familiar que sejam processos delimitadores quando os menores ou quando os indivíduos, mesmo maiores, atinjam esse nível de irresponsabilidade, colocando em risco a sociedade. É dever dos pais fazer essa delimitação.

Inclusive, com internet, não é? Os jogos de internet que são viciantes também…

Jogos viciantes, agressivos, que desenvolvem a agressividade no indivíduo e que, muitas vezes, alienam o indivíduo da vida de relação. Nós temos visto adolescentes viciados em jogos de internet que não priorizam a relação com o outro, o estar fora de casa, o conviver. Com isso, acabam se tornando adultos fechados, reprimidos e com dificuldades de estabelecer laços afetivos profundos. Então, todas as instrumentações da vida são positivas, mas têm que ser limitadas. Os pais têm que limitar o uso da internet, entrar em acordo com seus filhos. Não agir simplesmente de forma autoritária, mas estabelecer acordos para processos educativos que levem o jovem a se envovler com esporte, com a sociabilização, com a educação moral, através da educação religiosa, das atividades sociais, a responsabilização com o bem a seus semelhante. O jovem pode ser direcionado para atividades voluntárias, caritativas, que são extremamente educadoras e fazem o jovem conhecer outras realidades, vislumbrar outras perspectivas e, muitas vezes, ressignificar a própria vida e o próprio contexto. É dever dos pais estabelecer os limites e as regras da convivência sem abrir mão desse direito e dessa obrigação moral que eles têm.

Esse ciclo de palestras em Abaeté foi também o lançamento do seu livro “Cura e Autocura”. Fale um pouquinho sobre esse trabalho.     

“Cura e Autocura, uma visão médico-espírita”, é uma publicação da Ame editora, o órgão editorial da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais, e aborda a saúde e o adoecimento dentro da visão espírita. São 16 capítulos, abordando diversos aspectos como, por exemplo, o perdão como caminho de cura, a caridade como instrumento de cura, a ação do pensamento na saúde e na doença, as curas de Jesus, a saúde e o adoecimento na visão espírita, terapêutica, médico-espírita, bem como o terapeuta como curador e outros assuntos, com apresentação de casos, de trabalhos práticos também nesse sentido, sobretudo o amor e o auto-amor como caminhos de encontro do ser consigo mesmo e de cura do corpo e da alma. Esses livros podem ser adquiridos diretamente na editora através do telefone (31) 3332-5293 , pelo site http://www.amemg.com.br/ ou nas grandes livrarias em Belo Horizonte.

Para finalizar, deixe uma mensagem de Natal para nossos leitores.

A mensagem de Natal que eu deixo é que todos nós aprendamos a reconhecer em Jesus o guia e modelo de nossas vidas. Ele é a síntese do amor universal, é o grande representante da ética transpessoal do amor, do belo e do bem. Nós temos que entender que sua mensagem não é uma mensagem religiosa para ser vivida nas igrejas, nos centros, nos cultos, mas é uma mensagem para todo dia, para todo e qualquer instante. É uma mensagem de transformação e renovação da alma, de reconexão com o Pai, com o Criador dentro de nós, de religação com a fonte do eterno bem e do belo dentro de nós. As virtudes pregadas e vividas pelo Cristo são a grande referência de vida para que nós conquistemos um padrão de comportamento que seja superior e exemplar, que pacifica nossas almas e realiza nossos espíritos. Deve ser uma mensagem que está muito mais na prática do que nos nossos lábios. Ela tem que estar nas nossas ações, sendo esforço e vivência no dia-a-dia. Ela é a força que pode renovar e transformar a nossa sociedade.

Andrei Moreira
Médico de família e comunidade e Homeopata

Presidente da Associação Médico-Espírita de MG – Brasil
http://www.amemg.com.br/ / ammsouza@hotmail.com

Fonte http://www.amemg.com.br/