Estou estreiando este meu novo blog ( os outros são: http://www.falandoaosmontes.blogspot.com/ e http://www.paginaemdia.blogspot.com/ ) com este texto que eu recebi por e-mail e que expressa minha opinião e é muito semelhante ao que penso a respeito do que aconteceu durante a campanha eleitoral de 2010. Ou seja a oportunismo por parte de um grupo que se aproxima cada vez mais da extrema direita, beirando o fascismo e contaminando um assunto tão sério para a nação com seus interesses eleitoreiros e de ambições pessoais. Eu sou Espírita e também sou contra o aborto, é um tema dificil de tratar sem cair na tentação da condenação daqueles que a praticaram, por isso neste caso é sempre muito importante a ponderação nas críticas e por isso é sempre bom pedir a espiritualidade que nos ajude. A utilização da Religião e da crença das pessoas para atingir uma candidata de forma covarde, desviou os debates de assuntos fundamentais para o desenvolvimento social e econômico do País. Talvez aqueles que criaram estes boatos tivessem mesmo esta intenção.
O texto eu recebi através do e-mail abaixo. Desde já agradeço
ao Espiritismo Explicando.
espiritismo.explicando@gmail.com
DLMA E O ABORTO
O autor é o professor de Filosofia Antonio Baracat, do Instituto Federal do Sul de Minas, Campus Inconfidentes.
Pouquíssimas mulheres governaram o Brasil. Na Colônia, D. Maria I, rainha de Portugal, condenou Tiradentes à morte e os Inconfidentes Mineiros ao degredo na África; no Império, D. Isabel substituiu seu pai e entrou para a história determinando o fim da escravidão; agora teremos D. Dilma Roussef na presidência, de quem se espera o melhor, até porque ela foi eleita em função da expectativa de continuidade da boa orientação governamental do presidente Lula.
A eleição presidencial contou com tradicionais polêmicas, mas ficou marcada mesmo pelo clima pesadíssimo de preconceitos religiosos contra a candidata, associada a defesa do aborto. Supostos cristãos de todas as denominações se colocaram no cenário eleitoral fazendo acusações, em que se destacou a mulher do candidato Serra, D. Mônica, que disse textualmente ser objetivo de D. Dilma “matar criancinhas”, embora, curiosamente, tenha sido a mesma D. Mônica Serra quem confessou ter praticado um aborto...
As acusações contra a presidente Dilma não são descontextualizadas, pois seu partido, o PT, tem no programa a defesa do aborto, tanto que em 2009 puniu com suspensão o deputado presbiteriano do Acre, Henrique Fontes, e o deputado espírita da Bahia, Luiz Bassuma, por se posicionarem publicamente contra a legalização do aborto. Fontes e Bassuma migraram para o Partido Verde e de lá apoiaram a candidatura de José Serra, somando-se às vozes que acusaram Dilma.
Tão intensa foi a campanha antiaborto contra D. Dilma que ela veio a público, através de Carta-Compromisso, assumir que não proporá a legalização do aborto, além de afirmar reiteradamente ser pessoalmente contra o aborto, apesar do que se sente no dever de equacionar o tratamento do problema, que envolve cerca de três milhões e meio de abortos clandestinos anuais, com consequências ruinosas para muitas mulheres, inclusive a morte.
Pela importância atribuída pelas duas candidaturas ao assunto é de se inferir que seu peso não é pequeno na opinião pública. Por isso penso que a presidente Dilma deve contar com ajuda para tratar de tão delicado tema.
CONTINUA ........
Estatísticas indicam que 15% das mulheres entre 20 e 40 anos já abortaram deliberadamente. Logo, pouco ajuda querer dar tratamento criminal a este assunto, até porque o Brasil não dispõe de cadeias suficientes para prender todas. Manter os artigos do Código Penal que tratam do aborto reforça a sensação de impunidade, pela falta de eficácia da lei, da ação policial e do poder judiciário.
Além disso, para mulheres que abortaram a punição de suas consciências é suficiente, como ficou evidenciado nas declarações de D. Mônica Serra, que primeiro admitiu a interrupção proposital de uma gravidez e depois resolveu acusar sua adversária de querer que todas as mulheres façam o mesmo. Assunto tão relevante não pode ser tratado desse modo, sem reconhecimentos recíprocos de erros e distribuição de perdão.
Imaginem os que são contra o aborto, como eu, e têm a consciência em paz de não tê-lo praticado (ao menos nesta encarnação), adentrando salas de aulas e auditórios de instituições civis ou religiosas, ou escrevendo na imprensa, em livros ou na internet, e começando a exposição com a seguinte afirmação: “O aborto é um crime!” Se ali estiverem vinte mulheres, pelo menos três delas serão atingidas, não por uma consolação ou gesto de misericórdia, mas por uma acusação, contra a qual elas não terão como se defender, ao menos momentaneamente (e é assim que o assunto é tratado pelos teólogos e moralistas em geral).
Portanto, a primeira tarefa da presidente Dilma será identificar causas do aborto e as eliminar, assumindo a defesa das mulheres e seus filhos e filhas, sem perder tempo com debates, mas implementando políticas públicas neste sentido. Quem já tem um problema não precisa de outro. Uma mulher que já abortou ou que está a caminho de abortar não precisa de quem a acuse de errar, pois isso sua consciência a informa. Ela precisa é de ajuda para se redimir ou evitar o erro.
Mesmo não sabendo de todas as causas que levam ao aborto, sei que uma prevalece, e talvez responda por quase todos estes atos infelizes: a insegurança da futura mãe quanto à criação de seu filho ou filha. Sobre a mulher grávida desaba o peso imponderável da responsabilidade pela geração de uma nova vida e todas as implicações decorrentes. E não é para menos, pois vivemos num país que discrimina a pobreza, marginaliza os diferentes, é implacavelmente cruel com quem não se adéqua aos supostos cânones sociais e este é o caso das mulheres que engravidam sem ter ainda compromisso formal de matrimônio, ou mesmo tendo este compromisso encontram-se sob exigência dos maridos de não gerarem novos filhos. Daí, o que fazer senão o aborto?
Então, por que não intensificar (mas intensificar mesmo!) o ensino sobre os meios contraceptivos desde as primeiras séries do Ensino Fundamental, reiterando em cada ano da formação escolar, com materiais adequados a cada estágio da aprendizagem? E por que não estabelecer convênios com instituições civis e religiosas, de modo que a publicidade sobre meios contraceptivos seja feita sistematicamente, em atividades no mínimo mensais nestes espaços sociais? Sim, porque as instituições civis e religiosas que se posicionam contra o aborto devem assumir o compromisso de combatê-lo, ensinando seus seguidores os meios pelos quais poderão evitar a gravidez: não havendo gravidez, não haverá aborto!
No mesmo sentido, se deve intensificar a educação para o exercício da sexualidade e da sensualidade, combatendo-se sem tréguas o discurso incoerente dos moralistas, que dizem que a falta de controle do apetite sexual seria a causa fundamental da gravidez indesejada. Convém lembrar que a “falta de controle do apetite sexual” é indispensável para a sobrevivência da espécie. Não somente gravidez indesejada resulta desta “falta de controle”, as desejadas também, assim como as não desejadas, mas depois assumidas como desejadas, que são a imensa maioria. Ou seja, criticar a sensualidade é criticar a reprodução da espécie humana e isso precisa ser combatido por políticas públicas, começando pela educação. Sexo é bom e necessário. O que precisamos é de informações adequadas para seu melhor exercício, incluindo a prevenção do aborto. Afinal, nem os contra nem os a favor estariam encarnados neste planeta se não fosse a sensualidade...
Por fim, penso que o decisivo para uma redução drástica dos abortos será custear a maternidade, como fazem os países nórdicos e a Islândia, em que a expansão demográfica tornou-se negativa e cujas populações vêm envelhecendo rapidamente. Se garantirmos a cada mulher grávida que ela terá alimento, vestuário, moradia, acesso à educação e à saúde e alguma ajuda financeira mensal, para que possa ter seu filho e criá-lo, não resta dúvida de que quase toda a insegurança gerada pela gestação será afastada e o aborto evitado.
Críticos dirão que estou criando nova categoria de servidora pública, que nem precisa de concurso para ter emprego: a mãe! Como se eles mesmo não tivessem uma... Afinal, dirão os apressados, qual será a mulher que não gostará de viver a custas do Estado criando seus filhos e filhas? Dentre os mais enfáticos críticos desta proposta tenho certeza que estarão os mesmos que furiosamente se posicionaram contra a presidente Dilma! A questão é que esta gente não quer resolver nada, só criticar! Para eles, se mulheres abortam por que estão inseguras quanto à gravidez, merecem cadeia! E se propõem dar-lhes segurança para que não abortem, não merecem ajuda!
Assim, se a presidente Dilma quer mesmo enfrentar a grave questão do aborto, precisa se manter distante do ruído dos críticos mal intencionados e ouvir as vozes da razão e do coração, deixando que a consciência lhe dite o caminho das simetrias, dos equilíbrios, do justo meio, pelo qual há de transitar uma solução efetiva e real, e não paliativos que apenas adiam e agravam o problema.
A Vida é dom gratuito, pois Deus nada nos cobra por ela. Por que, então, somos egoistas?
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