1 - Guarde o coração em Paz á frente de todas as situações e de todas as coisas. Todos os patrimônios da vida pertencem a Deus.
2 - Apóie-se no dever rigorosamente cumprido. Não há equilíbrio físico sem harmonia espiritual.
3 - Cultive o hábito da oração. A prece é a luz na defesa do corpo e da alma.
4 - Ocupe o seu que tempo disponivel com o trabalho proveitoso, sem esquecer o descanso imprescindível ao justo refazimento. a sugestão das trevas chega até nós pela hora vazia.
5 - Estude sempre. A renovação das idéias favorece a evolução do espírito.
6 - Evite a cólera. enraivecer-se é animalizar-se , caindo nas sombras de baixo nível.
7 - Fuja a malidicência. O lodo agitado atinge a quem o revolve.
8 - Sempre que possível, respire a longos haustos e não olvide o banho diário, ainda que ligeiro,. O ar puro é precioso alimento e o banho revigora energias.
9 - Coma pouco. A criatura sensata come para viver, enquanto a criatura imprudente vive para comer.
10 - Use a paciência e o perdão infatigavelmente. Todos nós temos sido caridosamente tolerados pela Bondade Divina milhões de vezes e conservar o coração no vinagre da intolerância é provovar a própria queda na morte inútil.
Enviado especial à Abadiânia (GO)
Abadiânia, pequena cidade goiana de pouco mais de 10 mil habitantes, nem rodoviária possui, a parada fica às margens da rodovia BR 060, mas mesmo assim o município recebe uma multidão de pessoas diariamente, que buscam a cura pelas mãos de seu mais ilustre morador, João Teixeira Soares, mais conhecido como médium João de Deus.
Nas ruas de terra vermelha, o cheiro de mato é característico. Todos os caminhos levam a um só lugar: um casarão conhecido como Casa Dom Inácio de Loyola. O local é uma espécie de hospital espírita, criado pelo médium.
Para os desavisados, os idiomas dos letreiros comerciais – em sua maioria em inglês – nos dão a impressão de estarmos em uma típica vila de imigrantes britânicos. O povo que anda pelas ruas também ajuda a compor essa ilusão. Mas não trata-se de uma colônia. Na verdade, são pessoas de várias partes do mundo que vêm à cidade atraídos pela fama do médium e seus dons de cura.
No mar de gente que toma conta das ruas da pequena cidade, a confusão de línguas justificava a sinalização internacional. No meio de toda aquela gente, alguns falavam espanhol, outros inglês, e alguns se comunicavam em italiano. Um grupo grego também conversava no local.
Definitivamente, a língua portuguesa era a minoria.
Junto com os primeiros raios de sol, uma legião de pessoas com vestes brancas formam um grande lençol branco. Todos eles tinham um só destino: a "enfermaria do céu", como é conhecido o casarão.
Primeiras impressões
Ao entrar no casarão, na manha da última quinta-feira (12), não demorou muito para que o salão ficasse completamente lotado. Pessoas das mais diversas origens e classes sociais aguardavam silenciosamente o início dos trabalhos. Um homem com roupas brancas subiu em um tablado, meditou um pouco, foi até o triângulo de madeira, e olhou a multidão.
O início dos trabalhos
O homem fez uma pequena oração, em seguida deu as boas-vindas a todos e falou sobre o funcionamento das atividades. As pessoas foram previamente divididas em grupos. Cada um possuía uma ficha sem numeração, com quatro classificações: "1ª vez", "2ª vez", "revisão", e "oito horas". Também havia no local um grupo intitulado de "cirurgia", mas este não tinha fichas.
O homem permanecia no palco explicando os procedimentos e dizia que o médium João de Deus iria atender a todos. Os visitantes foram chamados em grupos, se organizando em filas. O voluntário falou: "Vamos formar a fila de quem veio para a cirurgia".
As pessoas iam se encaixando uma a uma na fila que se formava à frente da porta do meio do grande salão. Muitos cadeirantes estavam ali. As pessoas iam entrando na fila aleatoriamente, sem nenhum sinal de pressa ou receio.
Finalmente quando os visitantes de 1ª vez foram chamados, entrei na fila.
Fomos orientados a não fechar os olhos e a não cruzar os braços. Sob forte emoção, algumas pessoas passaram mal e foram rapidamente levadas à enfermaria.
A poucos passos de João de Deus
No mínimo 150 pessoas estavam sentadas em uma sala ao lado, todas de branco em estado de meditação. A fila passava pela sala e virava à esquerda, mais alguns passos, e lá estava sentado o médium conhecido por João de Deus.
No primeiro contato com o médium, informei que faria uma reportagem. Já em transe, ele sorriu e disse que já tinha conhecimento do fato. Rabiscou algumas anotações em um pedaço de papel e pediu para voltar na parte da tarde.
O relato cirúrgico
No início da tarde, os voluntários chamam as pessoas, primeiro foram chamados aqueles que seriam "operados". Passando pela sala da "corrente", eles eram conduzidos à sala de "passe", enquanto eram preparados para a cirurgia, na sua maioria espirituais, (sem cortes), outros eram orientados a sentar, fechar os olhos, e se concentrar em coisas boas. Incorporado por uma entidade conhecida por Dr. Augusto, o médium João de Deus, autorizou a imprensa a acompanhar as cirurgias.
Ele começou a operar duas pessoas que ficaram em pé na na sua frente. A entidade conversava simultaneamente com mais duas pessoas que estavam fotografando e filmando a cirurgia. "A maioria das cirurgias são espirituais, mas tem alguns casos que as pessoas só acreditam que estão curadas se houver corte", explicou o médium incorporado. Ele continuou a intervenção e abriu uma pequena incisão no abdômen de uma mulher loira com aproximadamente 25 anos. O corte quase não sangrou. Ele mexeu bastante na área e afirmou: "Tá vendo, essa mulher tinha um hérnia, agora ela está curada".
Durante todo o processo, a mulher ficou consciente. No momento da sutura, ela sequer reclamou de algum tipo de dor.
Quem é o médium João de Deus
Na entrevista, João de Deus fez questão de deixar bem claro que ele não cura ninguém, e atribui seus dons a Deus. "Eu sou apenas um mediador dessas curas", adianta. Criei a casa para fazer o bem. Milhares de pessoas passam por aqui em busca de cura, em busca de equilíbrio espiritual, a maioria das pessoas vem pela dor, mas alguns vêm pelo amor. Elas vêm por livre arbítrio por reconhecerem o trabalho que realizamos, elas sabem que aqui a coisa é séria", destaca.
Aos 66 anos, a mediunidade de João Teixeira Soares aflorou muito cedo, quando ele tinha apenas nove anos. Nessa época, João vivia na cidade de Itapaci (GO) com a mãe e mais quatro irmãos, todos mais velhos.
Uma das primeiras manifestações da mediunidade de garoto aconteceu próximo a Itapaci, quando ele e a mãe estavam em uma vila e João a teria alertado para que se protegessem o mais rápido possível porque uma grande tempestade estava a caminho. "A mãe teria olhado para o céu, que estava limpo e sem nuvens, por isso, não levou muito a sério o que João disse. Assim mesmo, ela se teria se dirigido a casa de um conhecido. Pouco tempo depois, um forte temporal devastou um quarto da vila", conta.
Vindo de uma família humilde, João abandonou os estudos ainda na segunda série primária. Diante das dificuldades, o garoto, aos 14 anos foi para a cidade de Campo Grande (MS) em busca de trabalho. Não conseguindo emprego, o jovem teria passado fome. Ao se sentar perto de um rio, João viu uma luz, e ouviu uma voz lhe pedia para que procurasse um centro espírita.
Lá chegando, foi recebido à porta pelo presidente do centro, que disse já estar esperando por ele. João se aproximou e subitamente desmaiou. "Ao acordar, ficou sabendo que, incorporado, havia operado e atendido a dezenas de pessoas. Desde então, não parou mais de realizar trabalhos de cura. Aproximadamente 10 milhões de pessoas já foram curadas de várias doenças ", conta o colaborador Hamilton Pereira.
O médium já perdeu a conta de quantas vezes foi acusado e preso acusado de prática ilegal da medicina. Hoje, ele atende a um sem número de médicos, juízes, delegados e advogados.
"Senti que já estava curado"
Aos 60 anos o professor, esportista, advogado e ex-militar José Severino da Silva recupera-se de uma isquemia cerebral que tirou seus movimentos. A provação não foi suficiente para abalar a sua fé. Silva se deslocou de Jataí (GO) até Abadiânia em busca da cura pelas mãos do médium João de Deus. Com voz mansa e um olhar cheio de esperança, ele comentou emocionado: "Faz menos de um mês que meu lado esquerdo foi totalmente paralisado. Senti que deveria vir aqui", afirmou.
José consultou com o médium no período da manhã. "Foi uma experiência muito interessante", diz o homem com uma indisfarçável sensação de alívio. "Eu não esperava que ele marcasse uma cirurgia para mim. Ao passar por ele, eu senti uma coisa diferente. Eu fiquei chocado porque não disse o que eu tinha, e, mesmo assim, ele me diagnosticou corretamente", falou.
"Ele não conhecia o resultado dos meus exames, mas disse tudo, de forma correta. Agora estou ansioso para a cirurgia que vou realizar nessa tarde", desabafou o aposentado visivelmente comovido.
Já na parte da tarde ao deixar a sala, a felicidade era perceptível. Ele relata que fez a cirurgia foi espiritual sem incisões. "Quando saí da cirurgia eu já estava diferente, senti que já estava curado". Impressionantemente, o aposentado mexia timidamente as mãos e os pés, coisa que ele não fazia antes. "Sei que a recuperação é lenta, mas já estou mexendo meus dedos. Esse homem tem muito poder". Nesse instante as lágrimas caíram de seu rosto e do filho que o conduzia na cadeira de rodas.
Cura que desafia a medicina
Com um diagnóstico que mais parecia uma sentença de morte, recebido por um médico, em 1997, em decorrência de um câncer na boca, a paulistana Maria Aparecida Afonso, de 49 anos, sorri ao afirmar já se completam 12 anos quando aceitou sair da capital paulista a pedido do médium João de Deus. "O médico tradicional me deu apenas um mês de vida, meu estado era muito grave", relembra. "Já estava desenganada pelos médicos, sentia muita dor, sem saber o que fazer. Uma amiga me contou sobre as curas de um médium chamado João de Deus, decidi procurá-lo na esperança de ser curada. O médium fez uma cirurgia em mim. Ele disse que ia me curar. Eu acreditei e me curei. Vinha freqüentemente de São Paulo para cá".
"As idas e vindas eram freqüentes, até que um dia João de Deus pediu que eu viesse morar para cá. Eu vim e hoje estou curada, ainda estou em tratamento, mas o câncer se foi", comenta.
Federação Catarinense de Espiritismo vê atuação de João de Deus com ressalvas
O presidente da Federação Catarinense de Espiritismo, Olenyr Teixeira, conhece os trabalhos realizados pelo médium João de Deus. Segundo ele, os médiuns que trabalham com cirurgias eram muito comuns no passado, quando havia a necessidade de disseminar as práticas espirituais. Atualmente, esses trabalhos continuam ocorrendo, porém, com menos freqüência.
A única ressalva do presidente da entidade catarinense é quanto à cobrança realizada pelo médium João de Deus a alguns pacientes. "Nós sabemos que muita gente alega que essas pequenas cobranças são destinadas a manutenção das casas espirituais. No entanto, o Evangelho Espírita, no capítulo 26, é intitulado ‘Dar de Graça o que de graça receber’ ou seja, não se pode cobrar um trabalho pelo dom. Todavia, temos que ter cuidado para que a situação não se torne um comércio em cima da fé", enaltece.
"Acho que João de Teixeira de Faria é um dos poucos que ainda estão destinados a atuar dessa maneira, e mais uma vez, eu falo, que a sociedade espírita concorda com o médium quando ele fala que quem cura não é ele, e mais do que a cura, o que tem de ter em mente a doutrina, para que possamos perceber o porquê de estarmos diante dessas enfermidades" finaliza.
Quem quiser se inteirar mais sobre a doutrina ou curas espirituais pode obter mais informações num dos sete centros credenciados à federação na cidade. O mais central deles fica na rua Paraná, 77. O horário de atendimento é de domingo à quinta-feira, sempre a partir das 20 horas.